Os acordos de Abraão, realizados entre Israel e os Emirados Árabes Unidos (EAU) e Bahrein, mediados pela Casa Branca, representam a normalização das relações (diplomáticas, comerciais, turísticas e cooperação em setores chave – energia, saúde, educação) entre o estado israelita e a potência sunita assim como o reino de Bahrein, em troca da promessa de não anexação da Cisjordânia por parte de Israel. Este normalizar de relações entre os EAU e Israel não é surpreendente visto que ambos os estados têm relações próximas com o presidente norte-americano e cooperam no sentido de conter a “ameaça” xiita iraniana.
Desde as acusações de eleitoralismo a Trump, às acusações de Netanyahu promover falsos “consensos” com vista a acalmar as críticas internas, às críticas direcionadas aos EAU por “abandonarem” o povo palestiniano e às críticas devido a Israel pouco ceder em troca do restabelecimento de relações com a principal potência muçulmana (sunita) da região. Estes acordos têm sido alvo de muitas críticas, manifestações de reprovação e frieza por parte da comunidade internacional.
Apesar das críticas, estes acordos representam um ténue, mas importante passo para a reconciliação no médio oriente, visto que podem abrir a porta à convergência dos povos na região. Ainda sem garantias concretas, a Casa Branca já sugeriu que outros cinco países da região, assim como a autoridade palestiniana e o Irão, poderão vir a fazer parte destes acordos, o que vem sustentar esta possibilidade.
Concluindo, embora estejam longe de ser a solução para os graves problemas que assolam a região, estes acordos, desde que acompanhados duma ação contínua e desinteressada e com a participação de todos os intervenientes em jogo à mesa das negociações em nome da paz, podem vir a ser a porta de entrada para um futuro pacífico e de cooperação no Oriente Médio.
Assim, sem uma resposta clara para a pergunta de abertura, e, como as relações multilaterais no Médio Oriente já nos têm vindo a habituar, cabe ao tempo respondê-la.